"É certo que Lucas Y Paz estreia na literatura alinhando-se a Millôr Fernandes, o nosso genial Vão Gôgo, que consagrou, no Brasil, o estilo oriental haikai.

O livro “Naturalê-se”, de Lucas, é obra prima esculpida na métrica ortodoxa do haikai que, a despeito de sua aparente camisa de força estilística, é uma janela infinita para a criatividade sem limites e para a viagem simbólica sem fronteiras.

Logo nas primeiras páginas do livro Lucas explica a métrica do haikai: “dezessete sílabas, divididas em três, estratégia bem bolada, esquema cinto-sete-cinco, um jogo simples mas não fácil.”
No capítulo “Água”, um haikai preciso de Lucas, entre tantos.

“A gota corre.
Quando chove e quando
Um amor morre.”

No capítulo “Ar”, lá está:

“Ciclone tem nome
De mulher, porque não mete
Medo o de homem.”

São dezenas de haikais, que devem ser sorvidos com o refino do paladar oriental entre pétalas e sashimis.
O projeto gráfico é inspirado na série ‘woodcut’ de Bryan Nash Gill."

Luis Sergio Santos
Jornalista e Professor da Universidade Federal Ceará